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Os empates foram uma inteligente forma que os colonos usaram para reagir, pacificamente, ao desmatamento desenfreado que vinha assolando o Acre desde 1970: as comunidades se uniam em passeata e procuravam impedir o abate, por meio do diálogo e do sequestro de motosserras, ou mesmo abraçando e defendendo as árvores ameaçadas.
Numa entrevista dada três meses antes de morrer, Chico Mendes conta que o primeiro empate aconteceu no Seringal Carmen , em 1976, com a participação de sessenta seringueiros e peões. "As mulheres tiveram um papel muito importante como linha de frente, e as crianças eram usadas como uma forma de evitar que os pistoleiros atirassem", ele explica. Chico contabilizou 45 empates, 30 deles com vitória dos colonos.
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Como eles queriam, muitos desses empates resultaram na criação das reservas extrativistas, propostas por Chico Mendes. Funcionam assim: foi criado um Conselho Nacional de Seringueiros, que recomenda ao IBAMA a concessão de uma determinada reserva. Se a concessão for aprovada, a área continua de propriedade da União, mas fica formalmente cedida à comunidade, que se organiza em cooperativa para a caça e pesca e para a extração de seringa, castanha, cupuaçu, palmito, óleo de copaíba, madeira certificada - tudo de forma não-predatória.
foto: Homero Sergio/ Folha imagem |
Quando foi assassinado, Chico Mendes já havia adquirido grande notoriedade internacional por seus esforços em defesa dos seringueiros e da floresta e havia ganho diversos prêmios internacionais. Em março de 1987, foi convidado para participar, em Miami, do Encontro Internacional do BID. Dali, voou para discursar em Washington, no Senado Americano. Em julho, recebeu o prêmio Global 500, oferecido pela ONU. Em setembro, recebeu a Medalha Ambiental, da Better World Society.
Tanta projeção incomodou os pecuaristas e fazendeiros, que nesse mesmo ano criaram a UDR - União Democrática Ruralista do Acre. Coincidentemente, em 1987 o assassinato de líderes seringueiros passa a ser uma constante, culminando com a morte de Chico Mendes, no dia 22 de Dezembro de 1988.
Milton Claro. (A Amazônia que não conhecemos)
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