Por 16 dias, dois filhotes de onça-parda causaram uma revolução na vida do designer e analista da Embrapa, Bruno Imbroisi. Depois de terem a mãe morta na Floresta Estadual do Antimary, na região do município acreano de Bujari, distante 22 km da capital Rio Branco, os bichos foram resgatados e levados para casa por ele. A "adoção" ocorreu no último dia 6 de setembro. No domingo (21), os filhotes foram entregues a uma fiscal do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e levados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).
Imbroisi conta que havia chegado cedo para realizar um trabalho na reserva, quando teve uma surpresa. "Ouvi um piado como o de um passarinho e fiquei procurando. De repente vi duas oncinhas recém-nascidas, nem enxergavam ainda", lembra.
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Filhotes foram encontrados na Floresta Estadual do Antimary.
Animais foram entregues ao Ibama e levados ao Cetas.
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De acordo com ele, os filhotes seriam crias de duas onças que haviam sido mortas na reserva no dia anterior. Ele, então, foi orientado a levá-los ao Cetas, do Parque Chico Mendes, zoológico que funciona na capital. Após uma ligação para um amigo, no entanto, ele descobriu que não havia vagas no zoológico e decidiu levar os filhotes para sua própria casa.
Reserva
Enquanto estava criando os filhotes, o designer conversou com alguns amigos biólogos. Surgiu então a ideia de transformar o sítio dele na Rodovia AC-40 em um criadouro para os filhotes. "A gente já estava começando a escrever um projeto para transformar meu sítio em um centro de criação, vendo qual tipo de licença precisava, botando na ponta do lápis da alimentação, profissionais que seriam necessários", salienta.
Por uma questão financeira, a ideia acabou não indo para a frente. "Se a gente não fizer uma ONG, a gente não consegue criar os bichos. Só de carne, quando adultos, cada um come 10 kg de carne", diz.
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Bruno Imbroisi, designer e analista da Embrapa. |
Apesar da ideia não ter dado certo na primeira tentativa, ele conta que pensa em torná-la real num futuro próximo.
"Fazer uma ONG, um gaiolão no sítio, ver quanto custa, quem seriam os financiadores e procurar apoio para cuidar disso coletivamente. Fazer uma parceria com a universidade para que os estudantes possam estudar os bichos. Ter um lugar para onde as pessoas que encontrem bichos como esses na mata, possam levá-los sem medo e que de lá eles tenham a melhor destinação possível. Sempre com esse foco de reintroduzir o bicho na mata", explica.